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Ânsia de Viver

Reflexões e percepções de um ano de pandemia


E assim passou um ano, em um momento tão complicado e fora de controle quanto às consequências..., meu corpo já está cheio ou até transbordando.

Você também não aguenta mais?


Ter paciência com tudo o que está acontecendo é muito difícil e custoso, sabendo que antes tínhamos tantas opções de escape e ilusões que poderíamos usar para sentimentos ou conflitos internos e frustrações que enfrentávamos. E agora... não temos muito o que fazer a não ser algo em nós mesmo e encarar a realidade em si. Talvez essa seja uma das grandes lições que temos que tirar disso tudo.


Claro que a sensação de negar essa realidade aparece em alguns momentos, ou o tempo todo para alguns, e no desespero vamos de encontro àquilo que antes fazia tanto sentido ou funcionava tão bem. Buscando esse mesmo escape ou compensação de antes.


Hoje, tudo parece meio distante e mais solitário, do que qualquer coisa. E alguns sinais ou ações como abertura ou funcionamento “normalizado” nos remete a expectativas que podem ser interpretadas como uma tábua de salvação. E não é. Porque com essa expectativa criada, o externo só funciona para mascarar os medos, inseguranças, a realidade ilusória de sonhos ou desejos idealizados.


Como produzir ou construir algo nesse período que parece não ter fim? Como construir ou investir nesse momento que amanhã tudo pode mudar?


Eu não tenho o registro pessoal de um tempo tão frágil e ameaçador de vida. Mesmo que historicamente isso exista, o viver é muito diferente. Tenho escutado tantos “não aguento mais” - “quando tudo isso vai acabar” - “e se...”. Uma coisa é certa, o custo do nosso comportamento está alto. Custo de esforço de energia, de adaptação, de tolerância, tudo relacionado ao nosso mental e emocional, principalmente de lidarmos com os problemas que antes eram tão encobertos, com a esperança, de acreditarmos, de encararmos a realidade nua e crua da sociedade, da vida e de nós mesmos, de abrirmos espaços para novas experiências, do que conseguirmos construir com tantas limitações e cuidados, sem colocar o peso de salvação.


Fico pensando em todos os conflitos internos passados e quantos deles eu me permiti o entendimento nesse período? Faz um ano de pandemia, faz um ano que algumas pessoas ainda buscam “retorno do que vivia”. O que não vai ter. Porque mesmo que a ação ou a busca de cada um seja igual, as consequências ainda vão existir e voltar com a mesma intensidade para você. O esforço de quem alivia uma sensação a curto prazo, traz consequências a longo prazo. Sim. podemos ter um simples abraço para nos proporcionar calor imediato, mas o quanto frio podemos sentir como consequência disso?


Os caminhos que construímos podem funcionar como construção ou compensação. Qual seu objetivo e o que você realmente sente diante dessa possibilidade? As dificuldades da vida sempre existiram e vão existir. Antes era um momento particular de cada um que muitos nem sabiam, vivendo cada um em seu casulo. Hoje vivemos um problema que é de todos. Uns ainda não percebem. Outros tentam mascarar, negar ou apenas se protegem ou olham apenas para si, enquanto outros fazem uma parte coletiva. Já parou para pensar qual a sua parte?


Nossas dores, medos e inseguranças estão aqui. Nada mudará com ou sem pandemia, se eles não forem trabalhados, compreendidos e encarados de frente. Acredito que essa foi a verdade mais cruel que tivemos que enfrentar sobre nós mesmos nesse período. A realidade é que talvez eles nunca deixem de existir. Mas o como você se permite lidar com eles, se comportar é que pode mudar sua intensidade, peso e significância.

  • O que você tem visto em si mesmo?

  • Como tem reagido a realidade?

  • Como se permite viver ou construir sua vida?

  • Que espaços você tem permitido aos outros como apoio ou ajuda nesse tempo todo?

Platão disse” Vencer a si próprio é a maior das vitórias”.

Então reflita:

  • Você tem enfrentado a si mesmo ou apenas procurado os mesmos e velhos hábitos de fuga?

  • Você tem conseguido lutar sua própria guerra ou apenas adiado os resultados?

E assim vamos caminhando nesse momento histórico.


Adriana Kalil

Psicóloga e Coach


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